terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lembro-me muito bem de Paulo Schilling

Passei um pouco mais de dois anos em Montevidéu e tive a oportunidade de vê-lo várias vezes, junto com o Brizola (meu saudoso Caudilho) e outros companheiros. A impressão que sempre tive dele foi de grande respeito, pela sua clara inteligência e pelo seu enorme saber. As vezes que encontrei com ele foi para aprender. Beber suas palavras, encher meu cérebro jovem, de suas experiências e de sua leitura, dos clássicos marxistas, que para mim apenas mostravam vislumbres novos.

O jovem marujo aprendia aquilo que os anos de mar não lhe tinham dado. Eu havia aprendido a navegar, a operar um radar em plena tempestade do Atlântico Sul, na proximidade fria da Patagônia argentina. Agora, no exilio, me tocava a aprender com o grande homem: de quem todos falavam com respeito.

Meu primeiro encontro com ele foi mágico. Havia encontrado com o Caudilho em novembro de 1964. Agora era chamado para uma reunião onde Paulo Schilling iria falar para nós. Muitas daquelas verdades que me haviam sido ditas, no Rio de Janeiro, pouco antes do Golpe Militar, eram-me explicadas agora com a autoridade de um homem que sabia do que falava.

Agora que tocamos o outono dos anos e em nossos olhos brilha a saudade dos começos, acordamos para a realidade, neste frio inverno da Escandinávia, quando o Grande Caudilho já não está mais entre nós, agora vem-me primeiro a noticia do falecimento de Cesar Schiafitelli, no Rio Grande, o médico dos exilados em Montevidéu, chorado por mim e por muitos. E por fim a vez desse Grande Guerreiro, Paulo Schilling!

Paulo Schilling foi embora ( essa verdade soa como brasa ardente em nosso dia-a-dia) já não o veremos mais! Oxalá seu nome seja sempre lembrado, mesmo depois da nossa viagem.

Para mim foi uma enorme perda e até meus últimos momentos me lembrarei desse Grande Homem.

Paulo Schilling estará sempre presente na memória do Brasil!


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