
Mudas minhas mãos
Meus pés dormem inquietos
Gélido fogo sobe em minhas pernas
Consumindo meus joelhos
Procuro pensar nos pássaros
Acuso-os de terem deixado de cantar
É o fim de agosto
O verão na Suécia foi miserável
O fogo continua sua escalada
É como se eu afundasse
Num desses lagos gélidos da Lapônia
Recordo Verissimo
Gato preto em campo de neve
Meus joelhos não existem mais
Joelhos surdos insensíveis
Golpeio meus reflexos
A culpa é minha
Ninguém espera quinze anos
Seria impossível parar
Esse passar de carros sobre mim?
Carros de combate
Carros de passeio
Barcos de guerra
Barcos a vela
Uma vela se acende
Para quem?
Para mim?
Quem morre em Rio Grande?
Quem morre em Lund?
E esse maldito gelo que sobe
Eu subi por muitas escadas da vida
Senti muitas mortes
Chorei muitas prisões
Aqui estou malditos!
Pretendo esculturar em imperecível granito
Minha raiva meu grito
Para que todo aquele que passar por estas
Ruas do exílio possa ler o crime cometido
Em nossas almas
In: SILVA, Guilem Rodrigues, Saudade e uma canção
desesperada. Salvador: CABINCLA – Casa Baiana
Para Integração Cultural Latino Americana.
Um comentário:
Saramar disse...
Que dor imensa nestas palavras! Quanta angústia! Fiquei angustiada com você, depois de lê-las muitas vezes.
1:35 AM
luciane disse...
Olá, Guilem! Dou aulas de português na Folkuniversitet em Halmstad e utilizo um livro didático escrito por ti. Que surpresa legal saber que és brasileiro e gaúcho. Também sou gaúcha de Porto Alegre.
Vou procurar teus livros de poesias por aqui.
Um abraço do tamanho do Rio Grande!
7:49 PM
alldeias disse...
Oi,guilem,
meu nome é luciana e faço parte de um grupo de brasileiros aqui na suecia que tem uma projeto cultural bem legal.
Na verdade é um sonho latejando pra virar realidade.
Gostaria muito de entrar em contato com você,
meu e-mail é o
luciana_vasc@hotmail.com,
Abraços
Luciana Sá
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